Origens do angu de ontem e hoje
O termo angu é derivado da palavra ÁGUM, que vem do idioma FON, de origem africana, usado para se referir a uma papa feita de inhame. Com a expansão portuguesa, o milho foi introduzido na costa africana, tornando-se a matéria – prima para o angu. Já no Brasil, a palavra angu era utilizada para se referir às papas feitas com farinha de mandioca, feijão e milho, tendo o prato recebido influência de portugueses e italianos. Em terras brasileiras, a papa, que antes era conhecida como comida de pessoas escravizadas, passou a ter diversas versões feitas com farinhas de milho ou de mandioca, ganhando espaço na mesa dos brasileiros.
O angu, bem como outros alimentos de origem africana que antes eram sinônimo de pobreza, sendo então atrelados à miséria que o período da escravidão perpetuou para grande parte da população, tanto da zona rural quanto das camadas sociais mais pobres nas regiões urbanas, foram incorporados ao dia a dia e também influenciaram a alimentação da população brasileira por meio das trocas entre saberes e fazeres tradicionais no meio gastronômico, desde as cozinhas mais simples aos restaurantes sofisticados.
No Brasil, o angu é uma comida que recebeu algumas adaptações que resultaram em dois tipos: o mineiro e o modo baiano. No modo de fazer angu mineiro não há adição de sal, a consistência é mais firme, sendo servido com os típicos acompanhamentos da gastronomia mineira como a couve, carnes cozidas bovina ou suína ou até mesmo frango com quiabo.
O angu de consistência molinha, quase um ponto acima do mingau, servido com miúdos de porco, é conhecido como angu à baiana. Como é um alimento plural, também conta com uma versão do sul, que se assemelha à polenta italiana, lembrando que, por mais que os dois alimentos sejam deliciosos, têm particularidades que os diferenciam culturalmente e em seu modo de fazer, embora sejam visualmente parecidos. Portanto, polenta é polenta e angu é angu.
Por ser um alimento mais barato e que sacia a fome, já teve versões doce e frita. Anteriormente, no período colonial, o termo angu era usado para indicar as papas feitas com a farinha de milho, que continuam a receber o mesmo nome hoje em dia; já a papa feita de feijão passou a ser conhecida como tutu e a papa feita com a farinha de mandioca ganhou o nome de pirão. Esses alimentos ganharam os mais diversos modos de acompanhamento e de acompanhar outros alimentos, sempre gostosos e carregados de memórias familiares e também de histórias.
Fonte: Casa D’Italia
No site Mundo Negro tem uma matéria linda sobre o angu!